Arte | NEM 30%

Por @ane.valls

Estamos acompanhando (graças à deusa) um fenômeno significativo no mundo das artes: a recuperação e a visibilidade de mulheres artistas. Essa crescente participação feminina em exposições a nível nacional e internacional, bem como a presença de trabalhos que discutem as desigualdades entre homens e mulheres, leva ao reconhecimento de que o circuito latino-americano e europeu estão desenvolvendo leituras diferentes ao longo da história, buscando outros enfoques e vieses, realizando recuperações importantes. E isso, senhoras e senhores, é louvável. Repare na programação cultural das grandes capitais no país. O esforço é coletivo e as torções e estratégias que resgatam identidades, histórias e produções estão fervilhando!

Afinal, onde estão/estavam as mulheres na história da arte? Quantas artistas mulheres você consegue nomear? Ocupam todos os seus dedos da mão? Por que a dificuldade em termos na ponta da língua nomes e obras de grandes mestras?

Dentre as várias respostas possíveis, podemos considerar que elas estão guardadas nas reservas em museus. A presença de mulheres varia na média (aceita geralmente) de 30% dos acervos de instituições artísticas, seja em Porto Alegre, seja em Londres. Os números não são nada estimulantes, a gente sabe. Obviamente, nem todas estão preservadas. A massiva maioria foi constantemente impedida, afastada e ignorada no meio artístico. Durante um tempo significativo, as mulheres foram tidas como simples modelos ou musas, sexualizadas e passivas enquanto vistas como objetos, interditadas e obliteradas quando encaradas como sujeitos. Aos homens, cabia toda a gama de considerações que os elevavam a gênios, mentes criativas, os grandes autores e mestres.

Se o teto é baixo, como mostra esse percentual aí, o que não vale é se abalar e paralisar. Mudanças de mentalidade nos últimos anos já estão engendrando melhorias recentes na balança (ufa!). Visitar, participar e apoiar ações que invertam a lógica dominante é tarefa que precisa ser praticável por cada uma e cada um. Claro que é preciso uma ação contínua e sistemática de um grande e amplo grupo de dirigentes de forma a operar uma mudança estrutural para atingir a igualdade de gênero. No entanto, falar de presenças requer também que nos façamos presentes em atividades artísticas e reconheçamos essas existências de modo a reforçar a novas narrativas e conhecimentos.

 

A Anelise Valls é porto-alegrense, sagitariana, dona de um casal de gatos, doutoranda em Artes Visuais na UFRGS e se dedica a estudar temas sobre arte contemporânea e feminismos. Coordena grupos de estudos sobre Feminismos e História da Arte. É professora de História da Arte no Atelier Livre e coordenadora educativa na Casa Baka.

A Ane estará ministrando o Curso de História da Arte | Arte Moderna - Séc XIX e XX na Casa Baka, Rua da República, 139 - Cidade Baixa, Porto Alegre/RS. O curso irá acontecer todas as quartas-feiras das 19h as 21h de 02/10/19 a 13/11/19 e o investimento é R$150 para estudantes e R$200 para o público geral.
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Para se inscrever acesse bit.ly/cursomodernismo

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